Breve História da Aquarofilia e o início do Aquarismo no Brasil
Há 4 mil anos, os faraós utilizavam a prática da manutenção de peixes em cativeiro, segundo estudos arqueológicos. O objetivo era a produção de peixes ornamentais, com o intuito de relaxamento da mente, e de corte, para a fácil obtenção de alimentos vivos. O significado literal de aquariofilia é a dedicação à piscicultura ornamental (do latim: aquariu, reservatório d’água; filia, do grego, significa amizade).
Acredita-se que o filósofo grego Aristóteles tenha dedicado boa parte de sua vida observando hábitos e crescimento dos diversos animais e, claro, os peixes figuravam entre eles, especialmente os da região do mar Egeu. Em sua pesquisa, catalogou nada menos que 115 espécies. Assim, Aristóteles deu início ao que hoje denominamos Ictiologia, ou seja, o estudo dos peixes, que é um dos braços da Biologia.
O italiano Marco Polo registrou em relatos sobre suas inúmeras viagens pelo Oriente que, já no século XII, os chineses criavam peixes em tanques de vidro. Segundo estudiosos, o vidro data de 1500 a.C., no Egito e na Mesopotâmia. Sabe-se, no entanto, que sua formação foi observada na própria natureza, quando, por exemplo, um raio atinge a areia, que se funde pelo calor resultante e se transforma em tubos de vidro longos e finos, denominados “fulgurites”. Essa transformação resulta do calor de erupções vulcânicas, que funde rochas e areia, originando um vidro de nome “obsidiana”. Na antigüidade, era utilizado para fazer facas, ponta de fechas, jóias etc.
Curiosos e com espírito científico, os chineses continuaram os estudos sobre os peixes entre 970 e 1278. Conseguiram os primeiros cruzamentos seletivos. Na China antiga, na dinastia Sung, o aquarismo já era praticado de modo quase idêntico ao que temos hoje. Neste país se desenvolveu a criação dos então conhecidos "peixes dourados", porém não ainda com tantas variesdades como vemos hoje.
Em seus apontamentos, Marco Polo registrou toda essa desenvolta piscicultura, mas sem saber que o processo de seleção do Carassius auratus, aperfeiçoado pelos japoneses, resultaria no popularmente conhecido “Peixe Japonês” ou Kinguio.
Mas a primeira obra referente à aquariofilia foi escrita pelo chinês Chang Chi’Em-Tê. Denomina-se “chu-sha-yu-p’u”, ou seja, “livro dos peixes vermelhos”, trata sobre as técnicas da criação de peixes ornamentais.
Porém se desenvolvemos o aquarismo no Brasil como vemos hoje, com tanto sucesso e beleza, devemos agradecer primeiramente as primeiras famílias de imigrantes Japoneses que vieram para cá, trazendo não apenas técnicas de reprodução de peixes, mas também paixão e fascínio pelo Hobbie e que hoje, nos transforma numa grande família de aquaristas e criadores, não divididos, mas unidos por uma causa em comum. O amor por todos peixes, sejam eles milenares como os Kinguios e Carpas, sejam peixes de Rio que trazemos para perto de nós. Assim como a família Akagawa que trouxe o legado da Netuno aquarium e que transcrevemos aqui um pedacinho do texto para vocês do herdeiro Junio Akagawa:
"A nossa história tem início no final dos anos 40 e começo dos anos 50 quando meu pai, Ernesto Akagawa, teve seus primeiros contatos com os peixes ornamentais influenciado pela amizade que tinha com a família Takase, que na época já criava peixes na região de São Bernardo do Campo. Foi a amizade e influência do Sr.Takase que o levou por volta de 1952 a montar a 1° loja exclusiva de peixes ornamentais em São Paulo, na Avenida Brigadeiro Luis Antonio, próximo ao centro da cidade. Existiam algumas lojas que comercializavam peixes, mas não eram exclusivas pois se dedicavam também a outros produtos como jardinagem, plantas, pássaros, produtos veterinários e etc.. Este início foi modesto e de muitas dificuldades, pois na época simplesmente não existiam recursos e equipamentos que hoje sabemos serem indispensáveis para a manutenção dos peixes nos aquários e tudo era feito artesanalmente. Imagine que nos dias de frio, para não deixar a temperatura dos aquários baixarem muito, acendia-se uma lâmpada incandescente dentro do aquário e aproveitando o calor gerado pela lâmpada se conseguia aumentar alguns graus a temperatura do aquário.Abaixo algumas das fotos do acervo de Junio Akadawa da Netuno Aquarium
O pequeno negócio iniciado no começo dos anos 50 com poucos aquários, sem nenhum suporte de equipamentos, com peixes criados de forma quase amadora e sem a experiência necessária para a manutenção perfeita dos peixes evoluiu a ponto de podermos afirmar que hoje nossa estrutura e conhecimento nos possibilitam fornecer peixes brasileiros para qualquer cliente localizado em qualquer lugar do mundo. Nossas exportações são embarcadas para clientes em países de diversos continentes como: Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Suécia, Portugal, Espanha, Itália, Áustria, Inglaterra, Rep. Tcheca, China, Japão, Cingapura, Malásia, Hong Kong e Formosa. Olho para trás e me orgulho por poder participar de um negócio iniciado pelo meu pai e ver que através de muito trabalho tanto se conseguiu e se fez para a história do aquarismo no Brasil."
Créditos do texto de Junior Akadawa: http://www.netunoaquarium.com.br e A brief history of the Aquarium by Matthew Newnham